domingo, 28 de junho de 2009

Pranto


É tanta mágoa
e tão amargurado
me encontro,
que me espanto
de haver numa
pessoa

tanto pranto.

sábado, 13 de junho de 2009

Pequenas Considerações sobre a Metafísica


Todo exercício ordenado do pensamento é baseado em primeiros princípios e todo primeiro princípio é metafísico.

A metafísica é inescapável em qualquer investigação racional. Ela pode ser negada, mas acaba imiscuindo-se por trás da negação mesma.

Em uma investigação racional é preferível afirmar a metafísica conscientemente do que mantê-la escondida e indômita por trás de princípios hipócritas e obscurecedores.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Filosofia? (parte 1)


Da profundidade da minha ignorância ouso, obrigo-me a abrir a boca e dou ocasião ao procedimento da filosofia. E me inquieta justamente este procedimento! Sua natureza, ou melhor, o que quero dizer com isso quando afirmo que o faço. Uma primeira abordagem parece bem simples, admito inicialmente que me entrego a determinada prática a qual aparentemente sei distinguir bem, pois ainda dou-lhe um nome próprio, filosofia. Mas será que ela apresenta-se a mim assim tão claramente quanto eu a afirmo? Parece-me que não e quero entendê-la melhor: no que exatamente ela consiste? E por que devo assim chamá-la? A resposta à primeira indagação é de natureza descritiva, a resposta à segunda uma justificação. A descrição parece estar mais à vista que a justificativa, mas parce-me igualmente que, tendo alcançado a primeira estarei a um passo da segunda. Eis, portanto, a tarefa proposta. Ao tentar me aproximar da questão pretendo dar asas aos pensamentos e retratar em palavras sua intuição originária.

(Continua...)

quinta-feira, 12 de março de 2009

Regozijo


A abertura sem medo para as coisas grandiosas e belas diminui o amor próprio e aumenta o regozijo com tudo o mais...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Aqui ainda é o centro da fogueira


Aqui ainda é o centro da fogueira e continuamos girando, cantando e dançando porque a lenha queima, arde, inflama, trabalhamos aqui para sobrepujar o homem doente e atingir a respiração do silêncio exato e puro da luz irradiante de cristal delicado e lúcido corpo e mente. Vagamos absortos e abjetos entre cadáveres que falam e vociferam obssessivamente, porque a doença se faz pela obssessão ávida e luxuriosa do transe das palavras – logotranse – mas a fogueira ainda queima brava e selvagem e alarga, devasta toda a paisagem enquanto os astros dançam afoitos numa noite quente e sem luar de primavera, o pó dança enquanto pode, depois, pó, é soprado pelo vento e voa... Logo caminharemos sobre brasas e pó e descobriremos os vestígios luminescentes dos animais se entremeando a destinos sutis e nus de desvida. Hoje eu sou um cão.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Salve Augusto Caminho


(O pensamento deste post é de autoria de Augusto Caminho)


"É nos intervalos em que fica mais fácil de se voltar para Deus, no intervalo dos pensamentos, da respiração, das relações.Depois fica mais fácil encontrar Deus nas relações, na respiração, no pensamento ..."

domingo, 22 de fevereiro de 2009

No portal do reino do amanhã


(Esta poesia já tinha sido publicada num blog mais antigo que infelizmente foi abandonado no meio do caminho. Hoje estava revendo-o e achei que ela merecia ser publicada novamente)


Sonhe em meus olhos
Um sonho quase perfeito -
Veja revoar os pássaros
Em ardente migração
Rumo a um sol poente.

Persiga o amanhecer
Persiga o sol pálido
Que se atira sobre a relva
Úmida de manhã,
Úmida de desejo,
Úmida e pura,
Persiga...

Sonhe o vento -
O vento brisa
E o vento desvario,
Vento tempestade:
Verdade
Que sopra no tempo.

Sonhe em meus olhos
Um sonho doce e pavoroso
Um sonho como nenhum sonho,
Tão límpido e infinito.

Sonhe em meus olhos,
E aprenda e se abra
E receba como um broto
E enfim adormeça -
Para então despertar
Como silêncio e surpresa
Num reino do amanhã,
E viver mais duradouro
Um outro tipo de sonho...

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Dialética



A memória é a atividade intelectual humana que estimula o pensamento livre sem decréscimo do rigor.

A palavra falada fertiliza o pensamento na desenvoltura do encontro, do contato e da presença viva.

O disco do mundo


Transexperiência


O disco do mundo gira cada vez mais rápido e misturado enquanto os acontecimentos e seu espírito se desenvolvem e se coadunam comutados e amostrados um a um numa sopa indissociável de tentativas e erros e acertos e erros novamente em fluxo sem parar. A nova linguagem é o novo momento, um novo contato, mais um rebento que se tensiona e se ramifica em novas experimentações. Se a acusação (porque do acusador o homem sempre padece) for de que isso é muito vago e nada diz, atente que o rumo das coisas entremeadas numa rede é sempre vago demais para a compreensão, mas nem por isso deixa de ser sólido e palpável em seu vir-a-ser real, já que cada coisa é sólida em testificar o seu devir na sua própria imediatez instantaneamente sincronizada com tudo o mais, inextricavelmente irrevogável na medida em que tudo acontece. Só a experiência trans-subjetivada serve de guia no vetor consciente do momentum único da vivência: vacuidade. Cada sensciente é uma chance, uma oportunidade irrecuperável e nenhum demérito é suficiente para privar-lhe do respeito que implica.